terça-feira, 1 de maio de 2007

Jiu-Jitsu "O Passado e o Presente"

Jiu-Jitsu ou Jujutsu (jūjutsu 柔術 - arte versátil, suave) é uma arte marcial que utiliza golpes de articulação, como torções de braço, tornozelo e estrangulamentos, para imobilizar o oponente. Inclui também quedas, golpes traumáticos e defesas pessoais, como saídas de gravata, esquivas, contra-golpes etc.
Basicamente usa-se o peso e a força do adversário contra ele mesmo. Essa característica da luta possibilita que um lutador, mesmo sendo menor que o oponente, consiga vencer. Outra característica marcante que o diferencia de outras artes, são as suas avançadas técnicas de luta de chão, com a qual é possível finalizar um adversário por meio de uma queda e usando-se torções com ambos deitados.
Apesar de se tornar mais popular no Japão, a história do Jiu-Jitsu começou na Índia (por isso a cognominação "o berço das artes marciais"), há mais de dois mil anos. Os monges indianos eram proibidos, pela religião, de se defenderem com armas. Mas em suas longas caminhadas, eram atacados por bandidos das tribos mongóis do norte da Ásia, nascendo então a necessidade de defesa corpo-a-corpo.
Conhecedores de pontos vitais do corpo, desenvolveram um tipo de defesa especial para o tipo físico do seu povo, franzino e de baixa estatura. Essa espécie de embrião do Jiu-Jitsu acabou atravessando as fronteiras da China, onde suas técnicas também foram desenvolvidas como um sistema de defesa, até alcançar o arquipélago japonês, lá desenvolvido e praticado apenas por nobres e samurais.
Por muito tempo, o Jiu-Jitsu foi a luta mais praticada no Japão, até o surgimento do Judo, em 1882. O Jiu-Jitsu era tratado como uma das jóias mais preciosas do Oriente. Era tão importante na sociedade japonesa que chegou a ser por decreto imperial, proibido de ser ensinado fora do Japão e/ou aos não japoneses, proibição que atravessou os séculos até a primeira metade do século 20. Era considerado crime de lesa-pátria ensiná-lo aos não japoneses. Quem o fizesse era considerado traidor do Japão, condenado à morte, a sua família perdia todos os bens que tivesse e a sua casa era incendiada. Com a introdução da cultura ocidental no Japão, promovida pelo Imperador Meiji (1867-1912), as artes marciais caíram em relativo desuso em função do advento das armas de fogo, que ofereciam a possibilidade de eliminação rápida do adversário sem o esforço da luta corporal. As artes de luta só tornaram a serem valorizadas mais tarde, quando o ocidente também já apreciava esse tipo de luta.
Em 1917, Mitsuyo Maeda, também conhecido como conde Koma, foi enviado ao Brasil em missão diplomática com o objectivo de receber os imigrantes japoneses e fixá-los no país. Sensei da Academia Kodokan de Judo, Maeda ensinou Carlos Gracie em virtude da afinidade com seu pai, Gastão Gracie. Carlos por sua vez ensinou a seus demais irmãos, em especial a Hélio Gracie (que vemos na foto). Neste ponto surgem duas teorias. A primeira alega que Maeda ensinou somente o Judo de Jigoro Kano a Carlos, e esse o repassou a Hélio, que era o mais franzino dos Gracie, adaptando-o com grande enfoque no Ne-Waza - técnicas de solo do Judo, ponto central do Jiu-Jitsu desportivo brasileiro. Para compensar seu biótipo, a partir dos ensinamentos de Carlos, Hélio aprimorou a parte de solo, através do uso do dispositivo de alavanca, dando-lhe a força extra que o mesmo não dispunha. A segunda teoria, apoiada pelos Gracies, fala que Maeda era, também, exímio praticante de Jiu-Jitsu antigo, como Jigoro Kano, e foi essa a arte que ensinou ao brasileiros. Mas o certo é que o Jiu-Jitsu tradicional difere muito do praticado no Brasil actualmente, pois o que se pratica no Brasil actualmente é exactamente igual ao Judo antigo, inventado por Jigoro Kano, porém com mais quedas e imobilizações.

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