Hoje dia 5 de Dezembro de 2007, é um dia que jamais irei esquecer e vou-vos contar porquê: Eram exactamente 08h17m da manhã quando o meu telefone tocou e ainda meio espantado e ensonado, olhei para ele e vi lá escrito "Bombeiros"! Ora bem, quando algo como isto acontece cheira-me logo a trabalho matinal e não estava de todo enganado. Do outro lado sai aquela típica pergunta: Podes ir fazer uma emergência? Ao que eu respondo: Posso, mas é o quê? É uma senhora que o CODU (Centro de Orientação de Doentes Urgentes) pensa que está em trabalho de parto! Ok, vou já para aí! Visto-me rapidamente e vou para cima, ao mesmo tempo que aquela sensação de que algo ia ser diferente me percorria a mente.Ao chegar ao quartel, foi montar e arrancar rapidamente em direcção ao Casal das Amoeiras, ao qual chegamos eram 08h24m e de onde sai logo uma senhora a dizer: Acabou mesmo agora de nascer! Ao que eu penso logo para mim "eu sabia que isto ia dar mer..."! O meu colega entra logo para dentro da casa, enquanto eu fico a tirar o kit de partos da ambulância para me fazer ao trabalho também, e assim que meto os pés para dentro da porta, começo logo a ouvir o choro da criança que se encontrava entre as pernas da mãe e debaixo dos lençóis! Vestimos rapidamente a bata, luvas esterilizadas e o protector das vias aéreas e lá fui eu destapar o lençol e ver o que me esperava, era um menino, um macholas bastante vigoroso e chorão também... Hehe! Limpamos a criança e de seguida foi embrulhada num lençol esterilizado, seguindo-se uma parte que sempre tive curiosidade em fazer, que é de cortar um cordão umbilical e cujo procedimento passo a explicar (mede-se um palmo a partir do umbigo da criança e coloca-se o 1º clampe, de seguida mede-se mais 4 dedos e coloca-se o 2º clampe, depois é só cortar no meio de ambos), para terminar vem a pior de todas as partes que é a expulsão da placenta e de todos os restos que se encontram no útero da parturiente, pois após a sua expulsão, temos que pegar em tudo aquilo e colocar num saco próprio para ser entregue no hospital.
Depois de todo este episódio e da criança estar já nos braços da sua mãe, foi procedido o transporte em segurança até ao hospital, onde todos nos esperavam e nos felicitaram pelo sucedido, pois não é todos os dias que se tem a sorte de ver uma criança nascer e assistir o seu parto.
Neste trabalho estamos sempre sobre pressão, vemos muita desgraça, lidamos com a morte e a doença diariamente, mas de vez em quando, também somos presenteados com algo como o que vos acabei de contar e que me deixou feliz e cheio de orgulho e é por isso mesmo, que dedico esta postagem ao pequenino "Hugo".